A APOSTASIA NO REINO DE ISRAEL
Texto Áureo: I Rs. 16.31 – Leitura Bíblica: I Rs. 16.29-34
Prof. José Roberto A. Barbosa
INTRODUÇÃO
Neste
trimestre estudaremos o ministério profético de Elias e Eliseu. Esses dois
homens de Deus foram usados com poder em contexto de apostasia. Nesta primeira
aula discorreremos sobre a institucionalização da apostasia no reino de Israel.
A principio definiremos o significado bíblico de apostasia, em seguida, seu
processo de institucionalização no reino, e ao final, suas consequências.
1. O
SIGNIFICADO BÍBLICO DA APOSTASIA
A
palavra apostasia vem do grego, e significa “afastamento”, em relação ao
abandono da fé. Esse termo é encontrado apenas duas vezes no Novo Testamento,
em At. 21.21 e II Ts. 2.3. Trata-se de uma extensão da palavra apostasis que
quer dizer “manter-se longe de”. Em II Ts. 2.3 diz respeito ao ato de rebeldia,
uma revolta contra os princípios cristãos. A apostasia vai além da mudança de
ideias, isto é, da perspectiva doutrinária. Ela revela-se também através de
atitudes que não são condizentes com a vontade de Deus. Há no Novo Testamento a
distinção entre o apóstata e o herege, este último pode vir a se arrepender, e
até voltar-se para Deus (Tt. 3.10). Mas não o primeiro, pois em virtude da sua
decisão contra o evangelho, sua situação se torna irreversível (II Ts. 2.10-12;
II Pe. 2.17,21; Jd. 11-15; Hb. 6.1-6). Para alguns estudiosos das Escrituras, a
apostasia é, de fato, o pecado contra o Espírito Santo, para o qual não existe
perdão (Mt. 12.31). Em termos doutrinários, a apostasia se caracteriza pela
negação da autoridade bíblica (II Tm. 3.16,17), da realidade do pecado (Rm.
3.23; 6.23), de Jesus como Único caminho para a salvação (Jo. 14.6; At 4.12);
e/ou ênfase na salvação pelas obras (Jo. 3.16; Ef. 2.8,9). A apostasia, em
termos doutrinários, é uma oposição consciente de alguém que outrora professou
a fé cristã, mas que se voltou contra Deus e a Sua palavra, não apenas em
teoria, mas também na prática. Ao invés de permanecer na Palavra, o apóstata
opta pelas filosofias e/ou religiões humanas.
2. A
INSTITUCIONALIZAÇÃO DA APOSTASIA
Nos
tempos de Elias e Eliseu, a apostasia religiosa grassou o Reino de Israel. O
povo, influenciado pelas autoridades político-religiosas, se distanciou de
Deus. O casamento misto de Acabe com Jezabel é uma metáfora dessa realidade. Ao
desposar essa mulher gentia, o rei de Israel, a fim de agradá-la, “levantou um
altar a Baal, na casa de Baal que edificara em Samaria” (I Rs. 16.32). Como se
isso não fosse suficiente, Acabe “fez um poste-ídolo, de maneira que cometeu,
mais abominações para irritar ao Senhor, Deus de Israel que foram antes dele”
(I Rs. 16.33). Acabe e Jezabel representam, nos dias atuais, os governantes que
patrocinam práticas perniciosas que desagradam a Deus. Ele “se vendeu para
fazer o que era mal perante o Senhor porque Jezabel sua mulher, o instigava” (I
Rs. 21.25). A política dos homens, conforme temos acompanhado através da
imprensa, serve apenas aos interesses de uma minoria. O povo sofre nas mãos
desses governantes que querem apenas enriqueceram através dos cofres públicos.
Eles governam com os votos do povo, mas não para o povo, antes contra o povo.
Não apenas prefeitos, governadores e presidentes envergonham a nação, os
vereadores, deputados e senadores também. Muitas leis desnecessárias são
criadas, e que em nada contribuem para o bem social. Alguns deles se elegem
apenas para colocarem o “dia dos evangélicos” no calendário anual da cidade. Os
nãos evangélicos também não se diferenciam desse modelo. Há quem se eleja e a
única “contribuição” é a de colocar o nome de um parente falecido em uma rua
importante da cidade. Eles nada fazem para melhorar a vida das pessoas,
destacando ainda aqueles que criam leis desumanas, absurdas e contrárias aos princípios
divinos, apenas pelo prazer da contestação.
3. AS
CONSEQUÊNCIAS DA APOSTASIA
As
consequências da apostasia no tempo de Elias e Eliseu podem ser percebidas na
perda da identidade espiritual. O povo de Israel tinha um Pacto estabelecido
com Deus, sob o qual deveria se pautar. A ruptura dessa Aliança traria
consequências drásticas. O povo de Deus havia se tornado de Baal, não adorava
mais o Senhor, e sim ao deus cananeu da fertilidade. Mas não podemos incorrer
no equívoco de pensar que Deus tem uma nação preferida nos dias atuais. Na
verdade, a nação santa de Deus, o povo escolhido atualmente é a Igreja (I Pe.
2.9). É através dela que Deus manifesta o Seu poder e a Sua glória na terra. O
plano de Deus em relação a Israel será retomado na dimensão escatológica, por
ocasião do Milênio (Ap. 20). Por enquanto, cabe à igreja agir no mundo,
testemunhado do evangelho de Jesus Cristo, cumprindo a Grande Comissão (Mt.
28.19,20). Evidentemente, uma nação que se distancia de Deus, como testificamos
em alguns países, inclusive no Brasil, compromete princípios valiosos. Além
disso, precisamos perceber que a apostasia, no contexto neotestamentário, é um
fenômeno individual, ainda que tenha implicações sociais. Na medida em que as
pessoas apostatam da fé, outras são influenciadas pela incredulidade (I Tm.
4.1,2), dentro e fora da igreja. Igrejas outrora fervorosas carecem de
avivamentos porque a apostasia se espalhou entre seus membros. A principal
consequência da apostasia é o descaso em relação às coisas de Deus. A palavra
dos homens se sobrepõe à Palavra de Deus, o ativismo toma o lugar da oração, o
amor ao mundo substitui o amor a Deus.
CONCLUSÃO
A
apostasia de Israel, patrocinada por Acabe e Jezabel, deve servir de alerta
para as igrejas. Muitos crentes, influenciados pelo mundo, estão se distanciado
dos princípios escriturísticos. Os valores difundidos na mídia, alguns deles
incitados pelo governo, estão sendo absolvidos na pauta evangélica. Ainda que
essa nação não opte por Deus, ou o faça por mero nominalismo, a igreja deve
continuar firme em seus fundamentos, como coluna da verdade (I Tm. 3.15),
ciente que as portas do inferno não prevalecerão contra ela (Mt. 16.18). Por
isso, com coragem, deve denunciar o pecado e mostrar profeticamente o caminho
da verdade (At. 5.29).
BIBLIOGRAFIA
DILLARD, R. B. Faith in the face of
apostasy: the gospel according to Elijah and Elisha. New Jersey: P&R,
1999.
RUSSEL, D. Men of courage: a study of
Elijah and Elisha. Oxford: Christian Focus, 2011.
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