A MORTE DE ELISEU
Texto Áureo: II Rs.13.21
– Leitura Bíblica: II Rs. 13.14-21
Prof.
José Roberto A. Barbosa
INTRODUÇÃO
Chegamos ao final de mais um trimestre de estudos inspirativos
na Escola Bíblica Dominical com base na vida de Elias e Eliseu. Nesta última
aula trataremos a respeito da morte de Eliseu, uma oportunidade para refletir
sobre a morte do cristão. A princípio destacaremos a realidade bíblica e
existencial da morte. Em seguida, trataremos especificamente sobre a morte de
Eliseu. Ao final, mostraremos a mensagem evangélica em relação à morte, a fim de
encorajar-nos à esperança.
1. MORTE, UMA REALIDADE BÍBLICO-EXISTÊNCIAL
A morte é uma realidade atestada na Bíblia e na experiência
humana. Em Gn. 2.17 nos deparamos com o primeiro texto elusivo à morte como
consequência do pecado. Paulo, em Rm. 5.12;6.23, confirma essa verdade,
ressaltando que o pecado tem seu salário. A morte sempre inquietou o ser
humano, desde o Antigo Pacto, no qual encontramos, no discurso de Jó (Jó.
19.25-37) e dos salmistas (Sl. 16.8-11; 17.15; 73.23-26), lampejos de esperança
em relação à vida após a morte. Mas é no Novo Testamento, na pessoa de Jesus
Cristo, que encontramos a revelação plena da vida eterna (II Tm. 1.10). Paulo,
em I Co. 15.55, destaca que, ao final, o ferrão da morte será aniquilado. Isso
acontecerá por ocasião da ressurreição, quando o que é corruptível se revestirá
da incorruptibilidade (I Co. 15.57). O sentido da palavra morte, na Bíblia, é
bastante amplo, e apresenta aspectos distintos. É preciso diferenciar a morte
física da espiritual. Para tanto, devemos explicitar que a palavra morte
significa separação, e não o final da vida, como se costuma pensar nos dias
atuais. A primeira morte, a respeito da qual trata a Bíblia, é a biológica,
quando as funções corporais param. A segunda morte, a espiritual, está relacionada
ao julgamento final (Mt. 8.22; Lc. 15.15.32; Ef. 2.1-3; Cl. 2.13; I Tm. 5.6;
Ap. 2.11; 20.14; 21.8). O materialismo predominante na sociedade contemporânea
tem conduzidos muitos à angústia em face da morte. Para alguns filósofos, como
Heidegger, o homem é um ser-para-a-morte, não pode escapar desta. Para outros,
como Jean Paul Sartre, ela é um tremendo absurdo, que nos conduz ao desespero.
Mas essa não é a realidade bíblica, as pessoas morrem, mas Jesus, que é Senhor
da Vida, tem Seus propósitos (Jo. 11.25,26).
2. ELISEU, QUANDO UM HOMEM DE DEUS MORRE
A morte de Eliseu é uma demonstração bíblica do que Deus pode
fazer através da morte dos Seus servos. Aproximadamente quarenta anos se
passaram entre os capítulos 9 e o 13 de II Rs. O profeta Eliseu envelheceu, e
com esta veio a enfermidade o sofrimento (II Rs. 13.14,20). Apesar da dor, Deus
estava presente com Eliseu, não o desamparando. No contexto da sociedade que
endeusou a longevidade, somos levados a menosprezar aqueles que adoecem. Mas a
Palavra de Deus revela que a enfermidade pode ser uma oportunidade para o
Senhor manifestar a Sua glória. Ninguém deve desprezar uma pessoa pelo fato de
essa se encontrar enferma. Ao contrário do que defendem os adeptos da teologia
da saúde, a doença necessariamente não é resultante de pecados específicos (Jo.
9.1). Eliseu, como tantos outros homens e mulheres de Deus ao longo da
história, viveu, envelheceu, adoeceu e morreu. Não podemos esquecer que estamos
em um mundo caído, sujeitos as mesmas intempéries que as demais pessoas. Se
apenas os servos de Deus não adoecessem e não morressem os ouvintes não
hesitariam em seguir o evangelho. A doença e a morte chegam igualmente à casa
do crente e do descrente, do rico e do pobre. Eliseu, o profeta que fora
maravilhosamente usado por Deus, também morreu. Mas Deus usou aquela morte para
trazer vida, já que um defunto, ao tocar os restos mortais do profeta, voltou à
vida. Esse tipo de milagre ainda pode acontecer literalmente hoje, mas podemos
também fazer uma aplicação espiritual dessa realidade. Há mortos cujo
testemunho vivificam ainda hoje, suas palavras revelam a soberania de Deus, são
heróis da fé, pessoas das quais o mundo não era digno (Hb. 11.36-38).
3. O CRISTÃO E A VIDA PARA ALÉM DA MORTE
Diferentemente daqueles que não têm esperança, o cristão sabe
que Deus tem um propósito, na vida e na morte (Rm. 8.28). Como diz a letra de
um hino sacro: “porque Ele vive, podemos crer no amanhã, porque Ele vive, temor
não há”. A morte para o cristão não é o fim, trata-se de um acontecimento
precioso aos olhos de Deus (Sl. 116.15). Isso implica em um comprometimento
ético diante da vida terrena, de modo que precisamos aprender a contar os
nossos dias, a fim de alcançarmos corações sábios (Sl. 90.12). E quando
partimos, e deixarmos esse corpo terreno, temos a convicção de que estaremos na
presença de Cristo (I Co. 5.8). Esse é o motivo que nos faz jubilar, e saber
que partir, e estar com Cristo, é consideravelmente melhor (Fp. 1.21). Esta
geração de evangélicos deturpou o ensinamento bíblico em relação à morte. A
maioria daqueles que professa a fé evangélica vive aturdida, sem esperança,
assustada diante da morte. A teologia da ganância, que alguns chamam de
prosperidade, fundamentada em um pseudopentecostalismo, está minando a fé dos
“crentes”. Esses “evangélicos” foram tomados pela doutrina materialista,
somente conseguem colocar o tangível diante dos seus olhos. Eles falam de fé,
mas não a têm, pois a fé que esposam é somente para conseguirem o que desejam.
A fé genuinamente bíblica é a convicção das coisas que se esperam, mas que
ainda não podem ser tocadas (Hb. 11.1). A fé que agrada a Deus é aquela que vai
além da vida, que não se sustenta no transitório, mas no que é eterno (Hb.
11.6). Aqueles que não apenas professam, mas que vivem a partir dessa fé, sabem
que nada, absolutamente coisa alguma, os separará do amor de Deus em Cristo
Jesus, a vida, e muito menos a morte (Rm. 8.38,39).
CONCLUSÃO
Eliseu alcançou a velhice, e depois de muitos anos vividos,
adoeceu e morreu. A sua morte foi uma oportunidade para Deus manifestar o Seu
poder, e trazer um moribundo para a vida. Esse episódio é também um tipo da
morte de Cristo, pois através da Sua morte e ressurreição, muitos foram
trazidos à vida (Rm. 5.12-14). Cristo é a Semente da mulher de Gn. 3.15, a
maldição imposta à humanidade foi colocada sobre Ele (Rm. 5.9; I Ts. 1.10; Gl.
3.13), e, por essa, nos resgatou da morte e da escravidão do pecado (Cl.
2.13-15).
BIBLIOGRAFIA
DILLARD, R. B. Faith in the face of apostasy:
the gospel according to Elijah and Elisha. New Jersey: P&R, 1999.
RUSSEL, D. Men of courage: a study of
Elijah and Elisha. Oxford: Christian Focus, 2011.
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